Observo que seguidamente editores de alguns importantes veículos de comunicação dedicam-se a escrever artigos a respeito do novo trabalho da sua empresa, os novos cadernos, a diagramação melhorada, os conselhos de leitores e outras novidades nas edições.
Soma-se a este desejo de inovação, a maior parte baseada em regras de marketing trazidas por executivos especializados, a implantação de uma série de filtros na informação que chega até as redações.
Estes dois elementos, o apego ao marketing e a implantação de filtros na informação, mostram que os meios de comunicação perdem a espontaneidade no seu trabalho mais importante, aquele para o qual imagina-se terem sido fundados: informar a população. Com os editores e os principais executivos preocupados com a imagem e o marketing da empresa, a edição e reportagem parecem ficar num segundo plano. A situação se agrava quando funcionários qualificados são direcionados para a filtragem da informação. O objetivo é publicar apenas aquilo que interessa, dentro do interesse da organização, aquela mesma grandemente interessada em preservar sua imagem através de marketing direcionado.
Estes são os dois principais males da imprensa neste primeiro quarto do século 21, no meu entender. Vale tanto para veículos de grande porte como para aquelas pequenas empresas das pequenas e médias cidades. A informação ficou pasteurizada, com o jornalismo sendo atingido diretamente pelos efeitos de políticas empresariais e interesses comerciais que tiram a naturalidade da informação.
Quando a imprensa faz publicidade de si própria, já que possui de todos os meios para isso, afirmando ter credibilidade, imparcialidade e ser interativa, ela quer criar a sensação de que está no seu papel, quando na verdade seu objetivo-fim perde a prioridade. É o sinal da própria decadência, algo que o tempo encarrega-se de provar. Ou será que isto já não é percebível nas quedas de audiência, assinantes e leitores?